A Qualidade da Democracia aumenta quando a população é mais escolarizada?
O tema em questão parte de um pressuposto aparentemente óbvio para o senso comum. É normal confundir escolarização, educação, instrução e ensino, em geral, aceitando-os como sinônimos. Da mesma forma acontece com democracia, populismo e socialismo.
A escolarização é um dos produtos de uma política educacional, dependendo do objetivo ela pode ser um sucesso ou fracasso. O currículo oculto de qualquer projeto pedagógico é a ideologia que lhe deu formato. Assim temos que a instrução nazista foi um sucesso para os ideais totalitários de Hitler e o MOBRAL um fracasso do ponto de vista da conscientização democrática.
Observando o desenrolar da história podemos constatar que a escolarização, o ensino ou a educação não são as únicas variáveis que determinam uma melhor qualidade da democracia. Talvez haja até um certo nível de saturação, até um ponto a escolarização, se planejada com esse objetivo, pode melhorar, amplificar e despertar a conscientização democrática. Mas de onde vêem os “mauricinhos” que espancam domésticas pensando serem prostitutas? E os neonazistas? E os garotos que assassinam colegas e professores? Exatamente, das consideradas melhores escolas, dos melhores bairros, do grupo que detêm maior escolarização.
A qualidade da democracia passa pela escolarização, mas também pela cultura, pelo trabalho, pela arte, pela política, ou seja, por tudo que possa contribuir para o exercício pleno da cidadania.*
* O presente artigo foi escrito originalmente como redação da prova discursiva, aplicada pela Fundação Getúlio Vargas - FGV, do Concurso Público do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação - FNDE, cargo de Especialista em Financiamento de Programas e Projetos Educacionais, em 2007, do qual o autor foi aprovado e exerce atualmente esse cargo público.Publicado pela primeira vez no site Debates Culturais , onde o autor é colunista convidado.
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